13 Mar
13Mar

Foto: Vatican News

O papa Francisco passou nesta quinta-feira, o 12º aniversário de seu pontificado no décimo andar do Policlínico Gemelli, em Roma, onde está internado desde fevereiro para tratamento de pneumonia bilateral. Apesar de ter sido feriado na Cidade do Vaticano, em celebração à eleição do pontífice em 2013, a Santa Sé informou que nenhum evento comemorativo foi programado. Em vez disso, Francisco dedicou o dia à "oração e reflexão", segundo comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano. Uma missa de ação de graças por seus anos de papado foi celebrada na capela do hospital. Alguns fiéis trouxeram cartazes dando parabéns a Francisco lembrando da sua eleição. Segundo o boletim médico divulgado ontem à noite, as condições de Francisco são estáveis, embora a situação ainda permaneça muito delicada.

Ao completar 12 anos à frente da Igreja Católica, o papa Francisco consolida um pontificado histórico não apenas por sua ênfase pastoral nos pobres e na ecologia, mas também por reformas estruturais que transformaram a administração e as finanças do Vaticano. Entre as principais mudanças está a Reforma da Cúria Romana, órgão central de governo da Igreja, além de medidas para combater corrupção e aumentar a transparência em um Estado frequentemente abalado por escândalos.

Foto: Posse papa Francisco - 2013 

A Reforma da Cúria Romana 

A Cúria Romana, composta por dicastérios (espécie de ministérios) que coordenam atividades da Igreja globalmente, passou por uma reestruturação sem precedentes sob Francisco. O marco foi a promulgação da constituição apostólica "Praedicate Evangelium" (2022), que redefiniu funções, priorizou a sinodalidade (governo coletivo) e integrou leigos — inclusive mulheres — em cargos de liderança. Antes centralizada em departamentos fragmentados, a Cúria ganhou uma estrutura mais ágil, com dicastérios fundidos e orientados a temas como evangelização, caridade e diálogo inter-religioso. "A Igreja não pode ser uma máquina burocrática. Deve servir", afirmou Francisco ao justificar as mudanças.

Transparência financeira e combate a corrupção 

As finanças vaticanas foram outro alvo de reformas: 

  • Secretariat for the Economy: Criado em 2014, o órgão centralizou o controle orçamentário e auditorias, reduzindo autonomia de entidades como o Instituto para as Obras de Religião (IOR), o "banco do Vaticano".
  • Autoridade de Supervisão Financeira (ASF): Implementada em 2020, passou a monitorar transações suspeitas e combater lavagem de dinheiro, após escândalos como o caso "London Property" (investimento imobiliário fraudulento de US$ 400 milhões).
  • Lei de Contratos Públicos: Em 2021, passou a exigir licitações transparentes para compras acima de € 40 mil.

Segundo o cardeal Mario Grecco, prefeito do Conselho para a Economia, "os gastos caíram 30% desde 2019, e o déficit foi zerado em 2024". Apesar disso, críticos apontam que setores tradicionais ainda resistem à prestação de contas.

Foto: Posse papa Francisco 2013 -Vatican News

 Desafios e resistências 

As reformas enfrentaram oposição de grupos conservadores dentro da Cúria, que as consideram "uma ameaça à soberania vaticana". Em 2023, vazamentos de documentos ("Vatileaks 2.0") revelaram tensões sobre contratos com empresas externas. Além disso, a promoção de leigos a cargos estratégicos — como a irmã Raffaella Petrini, primeira secretária-geral do Governatorato — gerou desconforto em clérigos acostumados ao monopólio do poder.


Foto: Eleição papa Francisco 2013 - Vatican News

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