18 Feb
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Fotos: Reprodução Internet

A Polícia Civil de São Paulo encerrou o inquérito sobre o acidente aéreo que matou o piloto Paulo Seghetto, de 55 anos, e feriu quatro passageiros e dois pedestres em Ubatuba, em 9 de janeiro. O relatório, concluído na segunda-feira (17), não apontou a causa definitiva da tragédia e foi remetido à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF) para continuidade das investigações.

 Detalhes do Inquérito e o Depoimento Chave 

O documento inclui o relato de Bruno Almeida Souza, de 41 anos, um dos sobreviventes. Em depoimento, ele afirmou ter percebido que a pista do aeroporto de Ubatuba era curta durante a aproximação do avião. "Eu vi a pista acabando e pensei: 'não vai dar'", relatou Bruno, que viajava com a esposa, Mireylle Fries, e os dois filhos, de 4 e 6 anos. 

O passageiro descreveu a tentativa do piloto de arremeter (abortar o pouso) após perceber que não conseguiria frear a tempo, mas o avião ultrapassou a pista, colidiu com um alambrado e explodiu na Praia do Cruzeiro. A perícia confirmou que o Cessna Citation 525, modelo da aeronave, exigia pelo menos 789 metros para pouso em condições ideais. No entanto, a pista utilizada tinha apenas 560 metros no sentido escolhido pelo piloto, agravada por condições climáticas adversas (chuva e pista molhada). 

Contexto do Aeroporto e Decisão do Piloto

O aeroporto de Ubatuba possui duas cabeceiras: uma de 940 metros (sentido morro) e outra de 560 metros (sentido mar). A delegada Ana Carolina Pereira, responsável pelo caso, destacou que a escolha da cabeceira mais curta pelo piloto pode ter sido decisiva para o desastre. "A pista era curta demais para o modelo de avião", afirmou, baseada em relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Especialistas apontam que, em pista molhada, a aeronave necessitaria de até 1.097 metros para frenagem — quase o dobro do disponível. Ainda não se sabe por que o piloto optou pelo lado mais curto, apesar da alternativa mais segura.

 Investigação em Andamento e Papel do Cenipa 

O Cenipa classificou o acidente como "excursão de pista" (Runway Excursion), quando a aeronave ultrapassa os limites da pista durante pouso ou decolagem. O órgão investiga fatores como aproximação desestabilizada, erro humano e condições meteorológicas. A PF agora analisará possíveis negligências, incluindo a regularidade da aeronave e do aeroporto.

Estado das Vítimas e Repercussão A família Fries permanece internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, sem previsão de alta. Mireylle, a mãe, teve múltiplas fraturas e queimaduras, mas conseguiu alertar socorristas sobre a presença das crianças no avião durante o resgate. Entre os feridos no solo, a professora Rosana Maria Alves Vieira, de 59 anos, fraturou o pé e já recebeu alta.

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