25 Feb
25Feb

Foto: Reprodução Internet

O Governo Federal anunciou nesta terça-feira (25), a produção em larga escala da primeira vacina brasileira de dose única contra a dengue, desenvolvida integralmente no país. A previsão é que, a partir de 2026, o SUS disponibilize 60 milhões de doses anuais, com potencial de ampliação conforme demanda e capacidade produtiva. 

A vacina, fruto de parceria entre institutos de pesquisa públicos e a indústria farmacêutica nacional, promete ser uma ferramenta estratégica para reduzir mortes, hospitalizações e custos associados à dengue, endêmica em todas as regiões do país. 

Detalhes do Projeto e Cronograma

Em coletiva no Palácio do Planalto, Lula destacou que a vacina é "resultado do investimento em soberania tecnológica". "Não dependemos mais de interesses externos", afirmou. A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que a vacina, já em fase final de testes clínicos, utiliza tecnologia inovadora e foi adaptada aos quatro sorotipos do vírus da dengue circulantes no Brasil. A dose única é um diferencial: "Simplifica a logística, aumenta a adesão e reduz gastos operacionais", disse. 

A produção, segundo a pasta da Saúde,  ocorrerá em um complexo industrial nacional já adaptado para atender à demanda, com previsão de entrega das primeiras doses em janeiro de 2026. O governo estuda incluir a imunização no Calendário Nacional de Vacinação, priorizando inicialmente áreas de alto risco e grupos vulneráveis, como crianças e idosos.

Foto: Instituto Butantan

Impacto na Saúde Pública 

A dengue é hoje um dos maiores desafios epidemiológicos do Brasil. A vacina nacional surge como complemento a outras estratégias, como o combate ao mosquito Aedes aegypti e o uso da vacina Qdenga (japonesa), adquirida pelo SUS em quantidade limitada em 2024. "Enquanto a Qdenga exige duas doses e tem custo elevado, nossa vacina será mais acessível e integrada à realidade do SUS", afirmou o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Maurício Zuma

Dados 2023

Casos prováveis (suspeitos + confirmados): 1.649.146 (fonte: Ministério da Saúde – Painel de Monitoramento de Arboviroses). 

Mortes confirmadas: 1.179 

Óbitos em investigação: 114 

Taxa de incidência: 3.110,4 casos por 100 mil habitantes.

Dados de 2024 

Casos prováveis (suspeitos + confirmados): 6.612.135 (fonte: Ministério da Saúde – Painel de Monitoramento de Arboviroses). 

Mortes confirmadas: 6.230 

Óbitos em investigação: 468 

Taxa de incidência: 779,0 casos por 100 mil habitantes.

Dados de 2025 ( janeiro/fevereiro)

Casos prováveis (suspeitos + confirmados): 401.408 (fonte: Ministério da Saúde – Painel de Monitoramento de Arboviroses).

 Mortes confirmadas: 166 

Óbitos em investigação: 405 

Taxa de incidência: 195,9 casos por 100 mil habitantes.

Gráfico - Ministério da Saúde

Capacidade Produtiva e Futuras Parcerias 

A meta inicial de 60 milhões de doses anuais poderá ser ampliada para até 100 milhões até 2030, conforme acordos em negociação com governos estaduais e organismos internacionais. O Ministério da Saúde já manifestou interesse em exportar o imunizante para países da América Latina e África, onde a dengue também avança. "Não seremos autossuficientes apenas; queremos ser uma referência global no combate a doenças negligenciadas", declarou Lula, citando o programa de vacinas do Brasil como modelo.

Próximos Passos

Até o início da produção, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) finalizará a análise de eficácia e segurança com base em dados dos ensaios clínicos. Paralelamente, o Ministério da Saúde prepara campanhas de conscientização para engajar a população. Para especialistas, o projeto consolida o Brasil como protagonista em biofármacos. "É a prova de que investimento contínuo em ciência gera frutos transformadores", avaliou a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações.

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